sábado, 4 de julho de 2015

Redemoinhos

 Uma vez me disseram que tudo está conectado e nada acontece por acaso. Talvez o que passamos seja necessário, seja um momento para descobrir um pouco mais do mundo e de si.

Acredito no mundo que dá voltas e na justiça que todos pagamos ao decorrer da nossa vida. O que passo hoje será um reflexo do amanhã e uma punição em outro momento para alguém, afinal, estamos conectados.

 De uns tempos pra cá, tudo é duplo, tudo tem dois lados e por muitas vezes o negativo prevalece para te derrubar, te fazer chorar, te sufocar. É como se fosse um redemoinho que a cada volta, traga cada vez mais rápido e com mais força, tirando todas as míseras chances que você sonhava que teria. Quando estou imersa e presa, eu tenho que ter um reflexo no lado bom e crio uma cópia coberta de cascos e máscaras, cujo objetivo é mostrar todo dia que estou bem, mas cada vez que se respira, uma parte desses cascos se partem e assim, desmancham 1 por 1.

  Eu torço pra que as pessoas ao meu redor compreendem o que estão fazendo de suas vidas e vejo, através do redemoinho, erros dos outros que podem ser fatais em algum momento e, por mais que eu tente gritar, a água e o vazio dissipam cada onda sonora. Não quero ninguém na minha situação. Girar, girar, girar cada vez mais pra baixo e não ter forças de verdade para sair nadando ou lutar contra todas as correntes que me cercam. Estou fadada a afogar.

Me dói ver que todo meu esforço, até agora, sempre é em vão e  de alguma forma eu sempre saio com o peso de alguém ou aceito o erro de alguém simplesmente pra ajudar, quando na verdade eu só pioro cada vez mais. Assim como eu estou, sei que todos - um dia- vão pagar por suas ações e espero que isso os façam amadurecer, da mesma forma como eu estou (indo pelo caminho mais difícil). Têm pessoas que precisam urgentemente crescer, se não vão ser arrastadas para o  seu próprio redemoinho. E uma vez que está dentro, sair fica cada vez mais difícil, porém não serei mais eu que tentarei abrir os olhos dos outros, porque eu preciso sobreviver, eu preciso terminar a minha batalha antes que eu morra sufocada e perdida.

Cansa, sabe? Cansa saber que tudo é em vão e inútil. Que sua experiência é jogada no lixo pela arrogância alheia. Eu não queria ver outros redemoinhos perto de mim, mas acho que se acontecer, foi porque teve que acontecer.


Um redemoinho, que patético.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Nada.


 
 Eu escrevo e apago. Penso, suspiro, olho ao redor para ver se vem alguma idéia. Nada.
 Tento de novo, apago de novo, suspiro de novo. E de novo, nada.
 Faço pausas, ouço músicas, reclamo mentalmente do dia de amanhã e ainda nada.
 Penso no almoço de hoje, na janta de amanhã, no café da tarde e continuo com nada.
Olho pro relógio, marco a hora mentalmente e volto a olhar pra tela do notebook. Adivinha? Nada.
Torço o bico, bufo, olho de novo a hora e não passou 1 minuto. Até agora nada.
Começo a ficar impaciente, tiques voltam à tona, a cólica me derrotando de tanta dor e eu só consigo   pensar em nada.
Nada? Nada, nadinha pra escrever? Nada.
 Até peixe nada, isso me consola. 

 

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Segundo Sol

  
 Todo dia nasce um sol diferente pra iluminar um caminho incerto e até torto. Com a sua luz, reflete na grama toda a pureza e vitalidade de uma natureza rica. Seu calor aquece seu corpo lhe dando forças para continuar nesse caminho cheio de buracos e incertezas, só que nada importa.

 Não tem explicação.


Você possui um objetivo: se enraivece, se desespera, se tortura e se sacrifica para realizá-lo. Sua força de vontade é maior, mas sua arrogância predomina o vencedor, mesmo perdendo tudo. Sempre somos vencedores, a cada flor que nasce, honramos quem somos e sabemos o que fizemos. E a arrogância continua, junto com a teimosia e a negação.
  Essa é a graça da vida: mesmo que seu dia tenha sido uma merda, você sempre continua a acordar no dia seguinte querendo vencer essa fadiga emocional. E o melhor de tudo: não está sozinho.

 Sempre nascerá um Sol e isso não tem explicação.

sábado, 13 de abril de 2013

Uma mão cheia de areia.



  É como levar um caldo na praia. É de repente, é ridículo.

 Se pudesse ver você mesma, como um clone, o que diria? Como reagiria? E se na verdade esse clone fosse  tudo que já imaginou, esperanças, sonhos? Quando fosse tocá-lo, veria que não passa de uma miragem, de um objeto abstrato. Sentiria que tudo aquilo que um dia imaginara não passou de uma simples ilusão, um sonho.

 Tudo que você quer é esquecer e viver a vida, mas o passado e aquele remorso de que "eu poderia ter feito algo" ainda consome toda a inocência, e perturba a mais delicada mente. Na verdade, nada mudaria.
 Eram apenas sonhos  e uma hora temos que acordar...Nem que seja da pior maneira possível.


  Areia que o vento levou.

segunda-feira, 8 de abril de 2013

O girar de uma bicicleta


É estranho pensar que o mundo dá voltas. Estranho é imaginar que pessoas passadas possam voltar na sua vida. Mais estranho ainda é como você se desapega a elas.

Criamos laços, conversas, segredos, caminhos e revoltas. Vivemos de acordo com nossas regras, nossos sentidos e vontades, nossas esperanças. Estas que nos move rapidamente através tempo e espaço, e quando percebemos, estamos em outro lugar, em uma nova vida. Adaptação e aceitação de quem somos e dos erros jamais desfeitos ou assumidos nos perseguem como uma sombra, um peso. A consciência pede arrego, você dá-lhe mais tormento...Tormento, palavra que traz uma sensação ruim. Você luta para achar seu lugar nesta nova etapa de sua vida, o tormento de quem está sozinho, sem amparo ou ajuda de quem já o ajudou uma vez, no passado.

As pessoas mudam, o tempo corre e a vida nos derruba. Nada mais será o mesmo. Perdeu a oportunidade de agradecer ou pedir perdão, de ajudar ou ser ajudado, de amar e ser amado, de ser uma boa pessoa.

O mundo gira, gira, gira como uma roda de bicicleta que percorre um longo caminho atrás de um sonho. Gira, gira, gira como a Terra em torno do Sol. Gira, gira, gira...Gira...Apenas gira. O Mundo gira, todos giram, e você continua parado.

Gira, gira, gira..


- Re-post do conto feito em 2011.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Justo do incerto


 O passado bateu em minha porta e eu abri: senhoras e senhores......

   O mundo dá voltaaaaaaaaaaaas, não quero mais pensaaaaaaaar o que ficou pra tráaaaaaaaas...nem tudo mudou!

 Criativo agora, hein?

Enfim, volta e meia no relógio pra viver. O tempo corre contra mim, sempre foi assim e sempre vai ser. E milhares de recordações transformam tudo em canções...E essa daqui é pra você: ideias que foram deixadas para trás, seguir em frente, o que passou não volta mais.


Eu juro que parei, mesmo! Foi mais forte que eu. E não, não me perguntem porque CPM22, relembrei e deu certo...Vendo assim, eles eram bem emos mesmo.

 E quando o mundo dá voltas e você fica sem reação? Quando tudo que tinha sumido, reaparece pronto pra por seu coração na incerteza de certeza. Desconfio que foi sem assim. (ok, parei de vez) Ai,  um diz pra arriscar, mas o mais sensato seria ficar na sua e não trocar o óbvio pelo parece. O fruto proibido é sempre mais legal.

 Largar tudo pra ver algo que talvez nem vá acontecer, não porque quer, mas por não ter condições. Acredito que se tiver que ser, será. E quem sabe no futuro as coisas não mudam?





sexta-feira, 15 de março de 2013

Uma folha de fotos.


  Foi debaixo daquela árvore morta, com folhas pretas refletindo toda a escuridão e sofrimento, que rasguei a única foto que tive, registrando um dos meus melhores momentos.

  Passei a olhar o céu fechado com nuvens carregadas e pesadas, pingos de chuva carregando dor e fazendo  estremecer  tudo que tocara. Sensação que a cada pingo em minha pele, uma navalha me cortava. Era tão pesado e culposo, eu não sabia lidar mais com tudo aquilo. A tristeza de deixar todo um passado pra trás é inexplicável. Como?
  
Não sei se "como" é a pergunta mais correta, mas é a única que me vem a mente. Será tão fácil assim sair da vida de alguém e fingir que nada aconteceu? Nada teve significado e que não tirou nenhuma aprendizagem?
Voltei para essa árvore atrás de respostas, mas só consigo sentir o cheiro de terra molhada e os pingos cortantes em meu rosto. Eram as únicas lágrimas. Eu não tinha mais porquê chorar, não mais.

  Revejo fotos das quais não estou e tiro a conclusão que talvez eu nunca devesse estar. Algo sem sentido, sem valor, sem fundamento. Sem nexo. Não era pra eu fazer parte.

   E é debaixo dessa árvore que rasgo a única foto em que estou presente para que volte a ter cor e prospere como a natureza sugere. Estou dando adeus à solidão.


Texto inspirado na música " Farewell Solitarie", CC.